quinta-feira, 29 de abril de 2010

Momento da poesia...


Vida, linda de ser sentida
bela sinfonia
de cores e sabores
elos e de castelos
de sons mil a entoar
belas canções, belos sermões
bela vida, vida bela.

Que da doçura que é candura
e com muita formosura
enche tantos jardins
de laços e enlaces
de casos e acasos
de vida e mais vida
borboletas ai que sina.

E elas que vivem a voar
cheias de sonhos e desencontros
doçuras e aventuras
guloseimas e travessuras
dão exemplo do que é amar
e vivem sempre a voar
e voando vão vivendo
vivendo vão voando
e pronto.

Eduardo Ferreira Dias de Souza
29 de abril de 2010

Momento da Música...

Chão de Giz
Composição: Zé Ramalho


Eu desço dessa solidão
Espalho coisas sobre
Um Chão de Giz
Há meros devaneios tolos
A me torturar
Fotografias recortadas
Em jornais de folhas
Amiúde!
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes...

Disparo balas de canhão
É inútil, pois existe
Um grão-vizir
Há tantas violetas velhas
Sem um colibri
Queria usar quem sabe
Uma camisa de força
Ou de vênus
Mas não vou gozar de nós
Apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom...

Agora pego
Um caminhão na lona
Vou a nocaute outra vez
Prá sempre fui acorrentado
No seu calcanhar
Meus vinte anos de "boy"
That's over, baby!
Freud explica...

Não vou me sujar
Fumando apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom
Quanto ao pano dos confetes
Já passou meu carnaval
E isso explica porque o sexo
É assunto popular...

No mais estou indo embora!
No mais estou indo embora!
No mais estou indo embora!
No mais!...

Momento da Poesia...


Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho
E disse estas palavras tais:
"É alguém que me bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais."

Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia.
Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora,
E que ninguém chamará jamais.

E o rumor triste, vago, brando,
Das cortinas ia acordando
Dentro em meu coração um rumor não sabido
Nunca por ele padecido.
Enfim, por aplacá-lo aqui no peito,
Levantei-me de pronto e: "Com efeito
(Disse) é visita amiga e retardada
Que bate a estas horas tais.
É visita que pede à minha porta entrada:
Há de ser isso e nada mais."

Minhalma então sentiu-se forte;
Não mais vacilo e desta sorte
Falo: "Imploro de vós - ou senhor ou senhora -
Me desculpeis tanta demora.
Mas como eu, precisando de descanso,
Já cochilava, e tão de manso e manso
Batestes, não fui logo prestemente,
Certificar-me que aí estais."
Disse: a porta escancaro, acho a noite somente,
Somente a noite, e nada mais.

Com longo olhar escruto a sombra,
Que me amedronta, que me assombra,
E sonho o que nenhum mortal há já sonhado,
Mas o silêncio amplo e calado,
Calado fica; a quietação quieta:
Só tu, palavra única e dileta,
Lenora, tu como um suspiro escasso,
Da minha triste boca sais;
E o eco, que te ouviu, murmurou-te no espaço;
Foi isso apenas, nada mais.

Entro co'a alma incendiada.
Logo depois outra pancada
Soa um pouco mais tarde; eu, voltando-me a ela:
"Seguramente, há na janela
Alguma coisa que sussurra. Abramos.
Ela, fora o temor, eia, vejamos
A explicação do caso misterioso
Dessas duas pancadas tais.
Devolvamos a paz ao coração medroso.
Obra do vento e nada mais."

Abro a janela e, de repente,
Vejo tumultuosamente
Um nobre Corvo entrar, digno de antigos dias.
Não despendeu em cortesias
Um minuto, um instante. Tinha o aspecto
De um lord ou de uma lady. E pronto e reto
Movendo no ar as suas negras alas.
Acima voa dos portais,
Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas;
Trepado fica, e nada mais.

Diante da ave feia e escura,
Naquela rígida postura,
Com o gesto severo - o triste pensamento
Sorriu-me ali por um momento,
E eu disse: "Ó tu que das noturnas plagas
Vens, embora a cabeça nua tragas,
Sem topete, não és ave medrosa,
Dize os teus nomes senhoriais:
Como te chamas tu na grande noite umbrosa?"
E o Corvo disse: "Nunca mais."

Vendo que o pássaro entendia
A pergunta que lhe eu fazia,
Fico atônito, embora a resposta que dera
Dificilmente lha entendera.
Na verdade, jamais homem há visto
Coisa na terra semelhante a isto:
Uma ave negra, friamente posta,
Num busto, acima dos portais,
Ouvir uma pergunta e dizer em resposta
Que este é o seu nome: "Nunca mais."

No entanto, o Corvo solitário
Não teve outro vocabulário,
Como se essa palavra escassa que ali disse
Toda sua alma resumisse.
Nenhuma outra proferiu, nenhuma,
Não chegou a mexer uma só pluma,
Até que eu murmurei: "Perdi outrora
Tantos amigos tão leais!
Perderei também este em regressando a aurora."
E o Corvo disse: "Nunca mais."

Estremeço. A resposta ouvida
É tão exata! é tão cabida!
"Certamente, digo eu, essa é toda a ciência
Que ele trouxe da convivência
De algum mestre infeliz e acabrunhado
Que o implacável destino há castigado
Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga,
Que dos seus cantos usuais
Só lhe ficou, na amarga e última cantiga,
Esse estribilho: "Nunca mais."

Segunda vez, nesse momento,
Sorriu-me o triste pensamento;
Vou sentar-me defronte ao Corvo magro e rudo;
E mergulhando no veludo
Da poltrona que eu mesmo ali trouxera
Achar procuro a lúgubre quimera.
A alma, o sentido, o pávido segredo
Daquelas sílabas fatais,
Entender o que quis dizer a ave do medo
Grasnando a frase: "Nunca mais."

Assim, posto, devaneando,
Meditando, conjecturando,
Não lhe falava mais; mas se lhe não falava,
Sentia o olhar que me abrasava,
Conjecturando fui, tranqüilo, a gosto,
Com a cabeça no macio encosto,
Onde os raios da lâmpada caiam,
Onde as tranças angelicais
De outra cabeça outrora ali se desparziam,
E agora não se esparzem mais.

Supus então que o ar, mais denso,
Todo se enchia de um incenso.
Obra de serafins que, pelo chão roçando
Do quarto, estavam meneando
Um ligeiro turíbulo invisível;
E eu exclamei então: "Um Deus sensível
Manda repouso à dor que te devora
Destas saudades imortais.
Eia, esquece, eia, olvida essa extinta Lenora."
E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno
Onde reside o mal eterno,
Ou simplesmente náufrago escapado
Venhas do temporal que te há lançado
Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo
Tem os seus lares triunfais,
Dize-me: "Existe acaso um bálsamo no mundo?"
E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta, atende, escuta, atende!
Por esse céu que além se estende,
Pelo Deus que ambos adoramos, fala,
Dize a esta alma se é dado inda escutá-la
No Éden celeste a virgem que ela chora
Nestes retiros sepulcrais.
Essa que ora nos céus anjos chamam Lenora!"
E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Ave ou demônio que negrejas!
Profeta, ou o que quer que sejas!
Cessa, ai, cessa!, clamei, levantando-me, cessa!
Regressa ao temporal, regressa
À tua noite, deixa-me comigo.
Vai-te, não fica no meu casto abrigo
Pluma que lembre essa mentira tua,
Tira-me ao peito essas fatais
Garras que abrindo vão a minha dor já crua."
E o Corvo disse: "Nunca mais."

E o Corvo aí fica; ei-lo trepado
No branco mármore lavrado
Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.
Parece, ao ver-lhe o duro cenho,
Um demônio sonhando. A luz caída
Do lampião sobre a ave aborrecida
No chão espraia a triste sombra; e fora
Daquelas linhas funerais
Que flutuam no chão, a minha alma que chora
Não sai mais, nunca, nunca mais!

Edgar Allan Poe - Tradução de Machado de Assis - 1883

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ódio...


Odeio certas coisas na vida! Principalmente algumas que me rodeiam. Estou com ódio, sei que não devo nutrir esse tipo de sentimento, mas infelizmente é a unica coisa que consigo sentir agora. Estou cansado de tentar, tentar, tentar, fazer de tudo pra que as coisas dêem certo e fluam de forma ao sucesso, mas infelizmente tem gente que não se aguenta, e mete a porra do pés pelas mãos! Não sei o que acontece, não sei se aguento. Sei que erro, mas receber o que tenho recebido não é justo! Não quero nem vou dizer, nã0 vou desabafar aqui, mas também não vou me dar ao trabalho de tentar, de continuar fazendo coisas para que as coisas fluam nos trilhos! Não, não quero e não vou mais! O saco encheu e estourou! Uma vez ouvi uma frase que dizia o seguinte: "Tem gente que não aprende, continua com os erros do passado sem pensar na destruição que já causou, essas não merecem nem mesmo pena...", acho que já errei demais, que vou parar de dar chances a quem não merece pena, quem dirá qualquer tipo de afeto? Errado estou eu de ser burro e continuar, tentar. Não adianta as pessoas são o que são, eu um idiota que acredita nos outros. Chega, parei. Não dá mais. Vou tomar o meu rumo do jeito que sei tomar, abraçar o que quero. Vou respeitar quem me respeita e pronto. Só. Chega de viver assim... Vou parar de mentir pra mim mesmo pois, como disse George Herbert: "Ousa dizer a verdade: nunca vale a pena mentir. / Um erro que precise de uma mentira, acaba por precisar de duas!" Já errei demais, já menti demais... Quero que esse ódio suma, mas por enquanto vou deixá-lo alimentar esse desejo de mudança... Vou continuar, e do meu lado quero apenas aqueles que possuem relevância pra mim...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

sábado, 17 de abril de 2010

A vida é uma caixinha de surpresas....


Essa frase faz parte de um famoso espetáculo da Cia. Melhores do Mundo, grupo teatral fundado em 1995, em Brasília, sua sede, pois, quem não conhece o Josef Climber e suas dificuldades... Quem não conhece principalmente as dificuldades dessa vida não é mesmo? Bem, mas a vida verdadeiramente é uma caixinha de surpresas, que, no caso do personagem, são péssimas. Já em nossa vida, temos pelo menos a vantagem de as vezes nos surpreendermos com coisas boas. Mas é só as vezes mesmo, pois na maioria, as igualmente ao Josef, as surpresas são desagradáveis.
O personagem, geralmente consegue "sair" de todos os desastres em sua vida, continuando, persistindo, "não desistindo nunca". Na vida real, geralmente fazemos a mesma coisa, pois não tem jeito, morrer por causa das decepções ou fracassos é que não dá. Só que existem momentos que acontecem coisas que dizem respeito a uma esfera que nos afeta muito mais que a falta de dinheiro ou a falta de um membro, como é o caso do Josef. Passamos por mazelas sentimentais que na sua maioria destroem muito mais do que se arrancassem um olho ou mesmo uma perna. Essas mazelas destroem, principalmente quando vem de pessoas que gostamos e prezamos, que simplesmente traem nossa confiança, seja através de que ato for. Ser enganado por uma pessoa querida, geralmente destroça qualquer coração e é capaz de trazer, mesmo ao Josef Climber, uma decepção enorme e junto à decepção, uma tristeza sem tamanho que toma conta e literalmente derruba, jogando por terra pensamentos bons e tudo o mais. Mas como a vida é uma caixinha de surpresa, as vezes um simples gesto de outra pessoa, ou mesmo de outras pessoas, pode fazer com que aquele episódio seja tão rapidamente esquecido, ou seja simplesmente transposto... O importante é continuar vivendo...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Frase do Dia...


Não se deve ter vergonha de chorar, as vezes é preciso pois as lágrimas além de lavarem a alma, trazem consigo o alento de que apesar do sofrimento, se luta para chegar em algum lugar, e se há luta, é porque a batalha não terminou e o fim ainda não chegou.

Eduardo Ferreira Dias de Souza