quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A vida como ela é...



Há alguns dias um jovem garoto que reside em minha cidade desapareceu de forma estranha. Não era um garoto qualquer, não era rico pra poderem falar que foi seqüestro era um garoto pobre e principalmente era um garoto que vinha lutando para tentar mudar de vida e deixar as drogas no passado. Sua mãe lutou muito, algumas outras pessoas também se esforçaram e muito para tentar salvar esse menino. Ele vinha apresentando uma boa melhora tinha inclusive passado de ano na escola e estava feliz com tal situação.
Depois de aproximadamente 20 dias de seu desaparecimento, dois suspeitos, também menores foram detidos, foi quando encontraram o corpo do garoto enterrado próximo a um ponto turístico afastado da cidade alguns quilômetros. O garoto foi cruelmente espancado, teve os dentes da boca arrancados, provavelmente em razões de pontapés e socos. Teve seu nariz quebrado. Foi alvejado com tiros em algumas partes de seu corpo e foi enterrado de forma que ninguém o encontrasse par ver tamanha barbaridade.
Outro fato também me chamou a atenção, pouco antes de acharem o corpo do garoto. Alguns conhecidos, não são amigos, são apenas pessoas com quem tenho contato sem muito intimidade ou amizade. São realmente apenas conhecidos. Dois desse conhecidos ao comentarmos a situação de nossa cidade com relação a corrupção disse a seguinte frase: "Cara com essa bagunça toda, to precisando dar um tapa". Me fingi de besta e perguntei dar um tapa na mulher, no cachorro e ele rindo respondeu, não velho fumar um baseado, uma maconhazinha cara, tinha parado, lá em Brasília apesar das facilidades não tenho tempo, mas to afinzão de arrumar um baseado. É bom demais a sensação, deixa relaxadão. Deixei de lado pois não é minha praia, nunca experimentei e não tenho vontade de experimentar, respeito quem gosta, e não pego no pé de ninguém, cada um sabe o que quer pra si.
Então esta semana passando por um barzinho aqui avistei o pessoal e me chamaram para que sentasse com eles e foi o que fiz. Tomamos umas cervejas e de repente um dos caras levantou, pediu licença e chamou outro colega para segui-lo dizendo: "Nóis vamo ali dar um tapinha!" Eles saíram e poucos instantes depois voltaram, já diferentes completamente "na boa, de boa". Algum tempo depois e mais algumas cervejas se foram e pelo jeito aquela sensação passou e veio a famosa larica. Ao terminarem começamos a conversar novamente sobre a corrupção no poder público aqui na cidade e acabaram por tocar no assunto da morte do garoto. O engraçado que as pessoas que estavam apresentando a maior indignação foram os dois que saíram para comprar uma maconhazinha para dar um "tapinha". Falaram do absurdo que os monstros que fizeram aquilo deveriam ser presos e tudo o mais.
Então não aguentei e disse sorrindo de forma bastante irônica: Engraçado, vocês dois são a favor dos autores do crime sofrerem todo tipo de retaliação seja da justiça ou não, mas vocês dois de certa forma são cúmplices. Um deles indignados retrucou dizendo você tá doido nem conheço esse povo. Nunca vi ninguém mais gordo, cúmplice é o caralho. Então perguntei a ele: Escuta fulano, você levantou daqui pra ir lá no beco comprar sua maconha não é? Ele respondeu sim. Você pagou pro carinha que te vendeu e provavelmente esse carinha não tem mais que 14 anos não é? Ele uai cara, sim né porra. E respondi finalizando: Então companheiro, você pra sustentar o seu capricho foi lá comprou droga deu seu tapa, ficou noiado, de boa, na paz, mas ajudou a dar dinheiro aos assassinos do garoto. Toda vez que você dá dinheiro pra essas pessoas, você está contribuindo com a desgraça na vida de um monte de gente. Você está auxiliando esses garotos a entrarem cada vez mais na criminalidade podendo acabar que nem esse garoto assassinado de forma tão cruel. Você está ajudando para que o sistema continue funcionando. Ou seja de uma forma ou de outra, você contribuiu para a morte desse garoto. Ele ainda teve a capacidade de dizer, mas se a maconha fosse legalizada isso não aconteceria e a maconha deixa agente é calmo camarada, não é que nem o crack que deixa doido, violento. Então disse, você pode até ter razão, mas enquanto a maconha for ilegal você de uma forma ou de outra estará contribuindo. Daí ele se levantou pediu desculpas e disse: "É tenho que rever isso." Eu finalizei dizendo "essa história de legalização da maconha são outros quinhentos. Na verdade existe muito coisa por detrás de tudo isso e esse assunto ainda vai dar pano pra manga. Mas agente tem que começar a viver observando melhor nossos atos, especialmente aqueles que podem refletir na vida de outras pessoas. O que não podemos é continuar a perder pessoas para as drogas seja de que forma for e parar de dizer que a vida é assim e não dá pra fazer nada! Alguma forma temos que achar, e essa forma com certeza não será mágica e não virá sem dificuldades!

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