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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Momento da Poesia...

AS DUAS FLORES 


São duas flores unidas 
São duas rosas nascidas 
Talvez do mesmo arrebol, 
Vivendo,no mesmo galho, 
Da mesma gota de orvalho, 
Do mesmo raio de sol. 

Unidas, bem como as penas 
das duas asas pequenas 
De um passarinho do céu... 
Como um casal de rolinhas, 
Como a tribo de andorinhas 
Da tarde no frouxo véu. 

Unidas, bem como os prantos, 
Que em parelha descem tantos 
Das profundezas do olhar... 
Como o suspiro e o desgosto, 
Como as covinhas do rosto, 
Como as estrelas do mar. 

Unidas... Ai quem pudera 
Numa eterna primavera 
Viver, qual vive esta flor. 
Juntar as rosas da vida 
Na rama verde e florida, 
Na verde rama do amor! 

Castro Alves

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Momento da Poesia...

Onde estás


É meia-noite... e rugindo
Passa triste a ventania,
Como um verbo de desgraça,
Como um grito de agonia.
E eu digo ao vento, que passa
Por meus cabelos fugaz:
"Vento frio do deserto,
Onde ela está? Longe ou perto?"
Mas, como um hálito incerto,
Responde-me o eco ao longe:
"Oh! minh'amante, onde estás?. . .


Vem! É tarde! Por que tardas?
São horas de brando sono,
Vem reclinar-te em meu peito
Com teu lânguido abandono! ...
'Stá vazio nosso leito...
'Stá vazio o mundo inteiro;
E tu não queres qu'eu fique
Solitário nesta vida...
Mas por que tardas, querida?...
Já tenho esperado assaz...
Vem depressa, que eu deliro
Oh! minh'amante, onde estás? ...


Estrela — na tempestade,
Rosa — nos ermos da vida;
lris — do náufrago errante,
Ilusão — d'alma descrida!
Tu foste, mulher formosa!
Tu foste, ó filha do céu! ...
... E hoje que o meu passado
Para sempre morto jaz...
Vendo finda a minha sorte,
Pergunto aos ventos do Norte...
"Oh! minh'amante, onde estás?..."
Castro Alves